Os trabalhos de Pedro Miranda Silva, professor de artes Visuais, a lecionar presentemente no Agrupamento de Escolas de Santo André, no Barreiro, puderam ser apreciados no AMAC. Inspirados nas “tentações de Santo Antão” de Jeronimo Bosch e desenvolvidos ao longo de um ano, contaram com a participação da turma do 11º ano, do Curso Científico-humanístico de Artes Visuais, na disciplina de Desenho A, pela mão da professora Isabel Tostão. Ora, para o desenvolvimento neste complexo projeto, os alunos visitaram a referida pintura no Museu de Arte Antiga e executaram vários esboços sobre uma das figuras do quadro e que, posteriormente, reproduziram tridimensionalmente. Os seus trabalhos, também, puderam ser apreciados nesta exibição. Segue então um excerto do catálogo de Francisco Palma foca toda a espetacularidade da obra desenvolvida:
“Embora correndo algum risco de literalidade, quando Pedro Miranda da Silva nos remete para o imaginário perturbante de Bosch, são as referências de uma época de denúncias, de perseguições de pesadelos e de tentações que lhe interessam, propondo-nos o confronto com as “tentações” do seu e do nosso quotidiano, dentro do contexto cultural, político e social da atualidade.
O “escuro”, que o artista não deixa de enfatizar em inúmeros apontamentos que nos são apresentadas nesta exposição, entre eles referimos a coincidência entre a data da assinatura do protocolo deste projeto e o atentado no aeroporto de Bruxelas (March XXII, MMXVI Terrore), são os cartões de crédito “negros”(Corricos), o texto sobre o Panama Papers, a carta de Kela e as almofadas (Diabolum), sobre as quais aliviamos os nossos pesadelos.
Todo o percurso inicial que nos é proposto por Pedro Miranda da Silva é preenchido por tentações e pelo “escuro” de vária ordem, mas que vai sendo gradualmente substituído pelo reconhecimento de uma “luz” que “está em viagem até nós”1 e que aqui nos é proposta pela pureza formal e a procura da perfeição (Perfectio quaerere) na arte.”
Pedro Silva – professor de Artes Visuais
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